Editorial
Olhar para o imprevisível
O caos enfrentado por municípios da região metropolitana de Porto Alegre desde a noite de quinta-feira e que se agravou ao longo da madrugada de sexta-feira diante do alto volume de chuvas joga luz em um problema sério na maioria das cidades brasileiras: a falta de estrutura preventiva a eventos extremos e, sobretudo, a dificuldade em lidar com os efeitos provocados por estes. A alta dos rios que cercam aquelas cidades, com a água tomando conta da zona urbana, destruindo casas e, o mais grave, fazendo vítimas fatais, reforça a necessidade do tema ser levado mais a sério pelas autoridades públicas.
Não é de hoje, a fragilidade diante da possibilidade de inundações e enchentes faz parte do rol de preocupações dos pelotenses. Se o fato de o Município ser localizado em meio a importantes corpos d'água como a Lagoa dos Patos, o Canal São Gonçalo, o Arroio Pelotas e outros cursos menores configura-se como um privilégio do ponto de vista ambiental, turístico e econômico, por outro exige atenção redobrada perante os riscos em caso de precipitações volumosas e temporais. Ainda que tenha sido há 14 anos, em 2009, a última enchente de grandes proporções ocorrida na cidade e região permanece bem viva na memória de quem a presenciou. Mais do que queda de ponte na BR-116 ou o rompimento de aterro de via férrea que provocou o descarrilamento de um trem e a morte do maquinista, aquele evento extremo do fim de janeiro escancarou o alto risco ao qual milhares de famílias estavam expostas.
Esta ameaça de enchente e suas consequências, no entanto, não existe somente em casos de excepcional intensidade como aquele. De lá para cá, temporais de menor gravidade atingiram a cidade e causaram desalojamentos e perdas materiais. E, ao que tudo indica, eventuais concentrações de chuva em períodos curtos de tempo continuarão sendo um problema. Como relatado em reportagem especial nesta edição, os números oficiais com que a Defesa Civil co Município trabalha indicam que 13,4 mil pelotenses estão em áreas de risco de inundações e enchentes. Contudo, mapa do Serviço Geológico do Brasil que indica as localidades que merecem atenção sinaliza que a população sujeita a transtornos tende a ser ainda maior.
Naturalmente, nenhum cidadão espera enfrentar grandes precipitações, temporais e outros desastres naturais. Entretanto, isso não pode significar descuido diante da possibilidade que isso venha a acontecer. E é enquanto há a calmaria que o trabalho intenso de preparo para lidar com o pior precisa ser levado a sério. A população, além de tomar as precauções que lhe cabem, precisa cobrar constantemente que o poder público se mantenha atento, especialmente no que diz respeito a ações de planejamento urbano que minimizem riscos.
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